Entenda como a CGU recuperou 120 GB de dados da 'Abin paralela', inclusive arquivos apagados

28 de Janeiro 2024 - 07h06
Créditos: Antonio Cruz/Agência Brasil

A CGU (Controladoria-Geral da União) conseguiu recuperar 120 GB (gigabytes) de documentos da chamada Abin (Agência Brasileira de Inteligência) "paralela". Os dados, que incluem 8 GB de material apagado, foram obtidos em sindicância administrativa da controladoria em agosto do ano passado. De acordo com apuração da Record, a ação da CGU foi capaz de identificar não só quem abriu e imprimiu os arquivos, mas também o conteúdo das informações.

Na investigação administrativa, as autoridades descobriram que os relatórios produzidos pela "Abin paralela", além de não conter o logo oficial da agência, tinham como alvo pessoas sem qualquer relação com as atribuições da agência ou dos trabalhos em curso.

Entre os documentos impressos, a CGU encontrou um resumo do currículo da promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável por investigar a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A CGU vai abrir PADs (processos administrativos disciplinares) para investigar os policiais federais da "Abin paralela" que agiam durante a gestão do agora deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à frente da agência de inteligência, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esses agentes da PF foram afastados por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes na quinta-feira (25).

Ainda no ano passado, durante a sindicância, a CGU encontrou provas de outros crimes, que ultrapassavam suas responsabilidades, e encaminhou todo o material para a Polícia Federal. 

Atual gestão da Abin teria dificultado investigação
A Record e o R7 também apuraram que a atual cúpula da Abin tentou dificultar o trabalho dos agentes federais durante a operação de quinta (25) na sede da agência. Os policiais teriam sido questionados a respeito do tamanho dos mandados de busca e apreensão e foram impedidos de acessar todos os documentos necessários. 

Em nota, a Abin afirmou que "há 10 meses a atual gestão vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do STF sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações."

Com informações de R7