Enquanto Fátima silencia, tropa de choque do Governo defende RN na Previdência

06 de Agosto 2019 - 14h50
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Em menos de 30 dias auxiliares e correligionários da governadora Fátima Bezerra têm dado declarações públicas a favor da inclusão do Rio Grande do Norte e demais estados na reforma da Previdência. Embora seja crítica à reforma apresentada pelo Executivo - assim como os demais governadores do Nordeste - Fátima não tem desmentido seus auxiliares quando o assunto é incluir o RN na reforma de Bolsonaro (PSL).

No 8 de julho passado, o secretário de Planejamento e Finanças do RN, Aldemir Freire, concedeu entrevista ao jornal O Globo em que defendeu a inclusão dos estados e municípios na nova Previdência. Na ocasião, Aldemir Freire disse que a exclusão dos estados transformou o projeto em uma “meia reforma”.

“Não dá para se chamar reforma da Previdência um processo que deixa de fora estados, municípios e militares. No Rio Grande do Norte, o déficit da Previdência dos militares representa 10% do rombo previdenciário total (hoje em R$ 1,7 bilhão)” disse Freire a O Globo. Essa foi a primeira declaração pública de um auxiliar da governadora Fátima Bezerra (PT) nesse sentido.

Na semana seguinte, no dia 14 de julho, o presidente do Instituto de Previdência do Rio Grande do Norte, Nereu Linhares, defendeu que o Senado Federal inclua estados e municípios na reforma. “Não faz sentido o governo federal fazer a aprovação de uma reforma retirando”, disse.

MUDANÇA SUAVE

O movimento dos auxiliares da governadora indica uma mudança suave no posicionamento do Governo do Estado em relação ao tema. A emissão de opiniões de pessoas muito próximas à governadora também aponta para um possível deslocamento na posição da própria Fátima Bezerra, que não chegou a desmentir nenhuma das falas de seus auxiliares no governo.

A mais recente declaração em prol da inclusão dos estados na reforma veio nesta segunda-feira (05) do senador potiguar Jean Paul Prates (PT). Ele defendeu que governos estaduais e prefeituras que têm regime próprio de Previdência sejam incluídos na reforma.

Jean Paul sugeriu que o Senado aprove uma espécie de “PEC paralela”, que precisaria ser referendada pela Câmara dos Deputados. Já o texto principal da reforma, com as regras gerais, poderia ser aprovado pelos senadores sem alterações, o que evitaria o retardamento da aprovação.

“Em princípio, a reforma passa no Senado. E, se estados e municípios ficam fora do pacote, ficaríamos com milhares de sistemas previdenciários diferentes no País. É uma coisa inadministrável. Então, já que passou (a reforma), vamos incorporar estados e municípios para estarem todos no mesmo barco. Colocar em separado é extremamente arriscado”, disse em entrevista na segunda-feira (05) em uma rádio local.