
Poucos meses antes de ser assassinada pelo ex-marido, o engenheiro Paulo José Arronenzi, a juíza Viviane Vieira do Amaral contou em mensagens de áudio enviadas a uma amiga que tinha medo dos "desvios de comportamento" dele e que ele extorquia dinheiro dela.
Nos áudios, Viviane conta que, após a separação, era pressionada por Arronenzi para que ela o desse dinheiro. "Eu achava que depois do divórcio, se eu desse tudo do jeito que ele tava querendo, tudo ia acabar. Mas não, piorou", diz a juíza.
Viviane foi assassinada a facadas pelo engenheiro, na frente das três filhas do casal, na véspera do Natal de 2020. No último dia 30, Ministério Público do Rio de Janeiro(MPRJ) denunciou o engenheiro por homicídio quintuplamente qualificado. A polícia crê que o crime foi premeditado.
Em um dos áudios, Viviane diz: "Eu morro de medo dele, sempre fiquei pianinho com medo das alterações dele, dos desvios de comportamento, das violências que ele fazia".
"Ele batia porta o tempo inteiro, atos de grande violência. E eu sempre botando na conta, que depois ele vinha pedir perdão, dizendo que estava nervoso porque estava desempregado, ou porque o pai estava doente, ou porque estava longe da família", conta a juíza.
Viviane também diz que o ex-marido é "um sedutor" e diz que ele tentava manipular as filhas. "[E eu] sempre tentando fazer dar certo. Eu jurava que daria certo. Mas eu sempre coloquei na minha cabeça um limite. O dia que ele me machucasse fisicamente isso ia acabar".
Em mais um áudio, a juíza diz que resolveu se separar de Arronenzi quando, ao brigar com uma das filhas, ele jogou um copo no chão e um pedaço de caco de vidro cortou a menina. "Quando ele machucou a minha filha, chegou ao limite", afirmou Viviane.
Ela também relatou que, depois separação, Arronenzi "ficava me achacando". "Já fiz vários depósitos pra ele. Fica me pedindo dinheiro disso, daquilo. Quando eu vi, já tinha depositado pra ele mais do que ele me deu de pensão esse mês", disse.
De acordo com jornal O Globo, as mensagens foram entregues à Delegacia de Homicídios por parentes de Viviane e fazem parte do inquérito contra Arronenzi.
No último dia 27, a Justiça do Rio bloqueou R$ 640 mil das contas do engenheiro. O bloqueio foi justificado pelo entendimento de que, por ter cidadania italiana, o assassino poderia, mesmo preso, transferir dinheiro para para a europa via terceiros.
As três filhas do casal agora estão sob a guarda da avó materna.
Fonte: UOL