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Um levantamento feito pelo site Poder360 com informações do Atlas da Notícia mostra que 17 veículos de médio a grande alcance nacional encerraram suas atividades no Brasil entre os anos de 2018 e 2021. Só em 2021, foram 5 fechamentos registrados, um deles o jornal El País, que anunciou fim em 14 de dezembro.
O El País comunicou não ter alcançado a sustentabilidade econômica, apesar da audiência e número considerável de assinantes. Além do jornal, outros veículos de imprensa fecharam neste ano por reestruturações empresariais que apostam no digital. Entre eles, o jornal Agora, do Grupo Folha, e a revista Época, do Grupo Globo.
O presidente da ANJ (Associação Nacional dos Jornalistas), Marcelo Rech, disse que o principal motivo para o fechamento das empresas jornalísticas é o “duopólio” formado pelo Google e pelo Facebook que “vende e exibe publicidade ao mesmo tempo”. Segundo ele, as duas empresas “engolem” as verbas de publicidade mundiais.
Ele explica ainda que, se não houver um modelo de remuneração das atividades jornalísticas pelas big techs em questão, a erosão do jornalismo será “gradual”, com fechamento de veículos e dificuldades para a criação de novas iniciativas. Rech ainda cita a eleição de governantes autoritários, autocratas e populistas e o crescimento da desinformação e de discursos de ódio como causas do "fim do jornalismo". Ele afirma que, além da insustentabilidade econômica, o jornalismo tem sofrido ataques “fortíssimos” pelo governo Bolsonaro.
Em concordância com Rech, a presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Natália Mazotte, afirmou que “o fechamento de veículos de notícia é uma tendência há mais de uma década em vários países, não só no Brasil”.
“Acredito que o fechamento de veículos de notícia contribui para um ecossistema de informação menos saudável, considerando que é uma fonte de informação confiável que desaparece”, disse Natália. Por outro lado, ela concorda com Rech ao afirmar que existe uma influência do atual governo para o fechamento de veículos de imprensa.
“Temos uma série de exemplos em que esse governo atacou jornalistas ou incentivou ataques, impediu o acesso a informações públicas e desacreditou o trabalho da imprensa.”, afirmou.
Poder 360
