Crise: Walfredo Gurgel corta alimentação de acompanhantes de pacientes, diz sindicato

23 de Agosto 2021 - 09h11
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Os acompanhantes de pacientes internados no Hospital Walfredo Gurgel têm mais um motivo para se preocuparem. Além da jornada exaustiva de acompanhar seu ente com enfermidade, tendo que enfrentar condições precárias como dormir em cadeiras de plástico, os acompanhantes de pacientes internados com AVC hemorrágico e fraturas de membros inferiores e fêmur (que não tem condições de andar), perderam o direito à refeição. Uma paciente que preferiu não se identificar contou que os acompanhantes foram informados pela direção que a decisão passou a valer a partir de quinta-feira (19).

Segundo informações, a direção do hospital decidiu restringir a alimentação aos acompanhantes e garantir apenas àqueles acompanhantes de crianças, idosos (ambos amparados por lei), uma vez que o hospital é obrigado a garantir alimentação e os acompanhantes de pacientes com fraturas de fêmur. Ou seja, todos os outros acompanhantes ficarão com fome.

A direção do maior hospital de urgência e emergência do estado, referência para atendimento de trauma, alega que a unidade está com pouco estoque de gêneros alimentícios e um grande excesso de pacientes e acompanhantes e não consegue garantir a alimentação para todos os acompanhantes. No entanto, conforme o Sindsaúde, a realidade do Walfredo Gurgel sempre foi de superlotação, sobrecarga de profissionais e corredores cheios, mesmo antes da pandemia. 

"Meu filho tem 30 anos e ainda não tem previsão de alta e sou quem fica com ele o dia todo. Como vai ser agora? Fico imaginando como é que vai ser com um monte de pessoas que tem aqui dentro e que não conhecem ninguém na cidade. As pessoas vão passar fome dentro de um hospital", disse uma acompanhante.

Para a assistente social do hospital, Rosália Fernandes, a maioria dos pacientes são do interior e suas condições sócio econômicas são extremamente precárias. “A imensa maioria dos familiares não têm nenhuma fonte de renda para que possam ter condições de comprar comida e garantir sua permanência no hospital. Assim como a enfermagem que também não tem condições de garantir e assegurar as necessidades mais gerais dos pacientes, devido ao número insuficiente de profissionais. É obrigação do estado garantir alimentação para todos. Deixar essas pessoas sem alimentação é desumano”, enfatizou Rosália.

Para o Sindsaúde/RN, essa é mais uma maneira de conter gastos na saúde pública às custas da população pobre que necessita de atendimento de qualidade e do SUS. "Repudiamos essa decisão e esperamos que a direção do hospital volte atrás e garanta a alimentação para todos os acompanhantes. O governo do estado é responsável por essa situação, pois o problema do fornecimento e superlotação não é de hoje. É necessário que o governo ofereça condições aos pacientes, acompanhantes e trabalhadores da saúde", diz o sindicato.