
No Brasil há um consenso inútil quando o assunto é educação.
Todos ou quase todos concordam com a importância dela para o desenvolvimento da nação, porém quase todos nada fazem para valorizá-la.
O assunto é tema de discursos políticos, de seminários e simpósios acadêmicos, de debates televisivos, mas... de poucas e quase sempre equivocadas ações.
É o que mostram, uma vez mais, os números do PISA, que avalia o desempenho de estudantes de 15 e 16 anos. O resultado dos estudantes brasileiros em Leitura, Ciências e Matemática está bem abaixo da média do alcançado por estudantes de outros país.
A média de pontos do Brasil foi, para citar apenas alguns dados, de 379 em Matemática, noventa e três pontos abaixo da média de 472 pontos dos estudantes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Os dados mostram que mesmo entre os vizinhos da sofrida América Latina, o Brasil não vai bem. A nossa colocação é 53º lugar, acima da Argentina e da Colômbia, mas abaixo do México (49º), Uruguai (47º) e Chile (45º) (http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33571#:~:text=Na%20tabela%20geral%2C%20o%20Brasil,pa%C3%ADses%2C%2034%20deles%20da%20OCDE.).
A cada ano que passa, os números do PISA gritam alto: a escola brasileira (principalmente a pública) como está, acentua a desigualdade social, apesar do pequeno avanço atingido (http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33571#:~:text=Na%20tabela%20geral%2C%20o%20Brasil,pa%C3%ADses%2C%2034%20deles%20da%20OCDE.).
Não é uma tragédia, é um projeto, conforme denunciava Darci Ribeiro.
No país, escolas públicas municipais e estaduais utilizam espaços condenados como salas de aula, enquanto são investidos horrores em tribunais e palácios suntuosos. Bibliotecas não têm livros e laboratórios não têm equipamentos.
Escolas federais, que trabalham com alunos selecionados que alcançam bom rendimento no PISA, gastam somas significativas em diárias e passagens de aviões e em eventos nos quais a vaidade toma o lugar do conhecimento, enquanto laboratórios e bibliotecas são carcomidos por cupins, umidade e mofo.
Aulas são suspensas por qualquer motivo e desculpas são elencadas para justificar a ausência delas.
Qualquer um que aponte ou denuncie o descalabro é apontado como inimigo – e assim a mediocridade campeia e o discurso bonito e empolado da defesa da educação pública segue sendo o que é, apenas discurso.
Há remédios para o mal, conforme dizem estudiosos e especialistas, mas corporativismo e ideologias não deixam essa importante discussão evoluir.
E o Brasil, que ainda na década de 1940 foi apontado como o país do futuro, segue com um enorme e valoroso passado pela frente, conforme já disse um dos nossos mais brilhantes intelectuais.
No próximo PISA levaremos outra pisa e vamos acompanhar os dados com aquele olhar bovino de quem não entende o que ocorre.