Conheça 7 sinais de glicose alta e um possível quadro de diabetes

11 de julho 2023 - 03h20
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Sede, boca seca, vontade excessiva de urinar, aumento da fome, sonolência, cansaço, visão embaçada, perda de peso não intencional, enjoos, dores de cabeça, infecções recorrentes, dormência ou formigamentos nas mãos e pés.

Você sabia que níveis elevados de glicose —ou açúcar— no corpo podem ser a causa de cada um desses sintomas? E mais grave do que isso: são possíveis indicativos de um quadro de diabetes descontrolado.

O açúcar no corpo

O fato é que a glicose é fundamental para a manutenção e o bom funcionamento do organismo, em especial para a geração de energia.

É ela o principal combustível para que todos os processos fisiológicos ocorram e também uma das responsáveis por liberar ao cérebro a dopamina, substância que provoca a sensação de prazer e nos faz sentir bem.

No entanto, é preciso que seus índices no sangue se mantenham dentro de parâmetros considerados normais, ou seja, abaixo de 100 mg/dL (em jejum).

Números acima disso indicam o que chamamos de hiperglicemia. Uma pessoa é classificada como pré-diabética ao atingir entre 100 e 125 mg/dl de glicemia ou valores de 5,7% a 6,4% na dosagem da hemoglobina glicada. A partir de 126 mg/dl ou superior a 6,4% de hemoglobina glicada são considerados quadros de diabetes.

Qual a relação da glicose com o diabetes?

Se os níveis de açúcar ficam muito altos, ocorre um desgaste metabólico no corpo capaz de gerar inúmeros danos à saúde. Isso por uma conta da energia gasta para produzir e liberar insulina, hormônio produzido pelo pâncreas responsável em mover a glicose da corrente sanguínea para dentro das células, assim fazendo o que chamamos de controle glicêmico.

Se isso não ocorre, o açúcar fica acumulado no sangue e causa uma série de problemas ou mesmo o diabetes —um dos principais fatores de risco para complicações no coração.

A hiperglicemia está assim associada à condição por conta da sobrecarga causada no pâncreas, que não consegue produzir insulina suficiente (diabetes tipo 1) ou torna-se incapaz de usar o hormônio de forma eficaz (tipo 2).

Portanto, é essencial estar atento aos sinais e possíveis sintomas que essa alta desencadeia a fim de evitar consequências mais sérias.

Quais são os principais sintomas da glicose alta?

Uma glicose elevada costuma afetar diferentes sistemas do corpo de maneira distinta. É possível apresentar um ou mais sintomas ao mesmo tempo. Em alguns casos, pode não haver qualquer indício até que o nível de açúcar no sangue esteja muito alto. Abaixo, seguem os de maior relevância e que aparecem com mais frequência:

1. Pele escura na região do pescoço

Um possível sinal de alerta é o desenvolvimento de manchas escuras na pele, que podem estar espalhadas ou serem percebidas apenas nas dobras, especialmente na virilha, axilas e, na maior parte dos casos, ao redor do pescoço —a pele da região também tende a parecer aveludada ou mais espessa.

Essa condição, conhecida como acantose nigricans, é comum no diabetes tipo 2 e em pessoas com a pele mais escura. Ocorre quando os altos níveis de insulina na corrente sanguínea fazem com que as células da pele se reproduzam mais rapidamente do que o normal.

2. Infecções recorrentes

Quando há muito açúcar no sangue, os glóbulos brancos têm dificuldade de se deslocar pela corrente sanguínea. Assim, ocorre o enfraquecimento do sistema imunológico, tornando o organismo mais suscetível a doenças.

Como resultado, o indivíduo apresenta quadros infecciosos de forma recorrente, por exemplo, na boca (aftas), bexiga (cistite) e pele.

Além disso, é comum que os processos de cicatrização se tornem mais lentos. Isso porque durante o processo é necessário um conjunto de reações para que os tecidos se reorganizem e reparem o trauma sofrido. Quando há glicose em excesso circulando de forma constante (o que favorece a proliferação de microrganismos) e o sistema imunológico não funciona plenamente, a pele não recebe irrigação suficiente para recuperar o tecido lesionado.

3. Alterações na visão

O nível elevado de açúcar no sangue pode prejudicar todas as partes do corpo, inclusive os olhos, resultando em inchaço, visão embaçada ou dificuldade para focar objetos.

Em resumo, a alta na glicose afeta os vasos sanguíneos que irrigam a retina, membrana que fica atrás dos olhos, e o cristalino, nossa lente natural, mudando sua forma e flexibilidade.

4. Sensação de sede contínua e vontade excessiva de urinar

Como o açúcar não é adequadamente absorvido pelas células, ele se acumula na corrente sanguínea. No entanto, o excesso precisa ser expelido. Logo, os rins são acionados com mais frequência. O indivíduo, então, passa a ter mais vontade de urinar, muita sede e tende a ficar desidratado.

5. Fome e cansaço

O organismo passa a ser mais exigido quando precisa eliminar o excesso de glicose em circulação no sangue. Além disso, em alguns casos de diabetes, o açúcar proveniente dos alimentos como fonte de energia não é aproveitado de forma suficiente pelas células.

Assim o corpo precisa buscar recursos nos músculos e nas reservas de gordura para exercer suas funções adequadamente. O resultado é uma constante sensação de fraqueza e cansaço, mesmo sem realizar grandes esforços.

Como consequência dessa deficiência, o cérebro também acaba ficando sem energia para funcionar adequadamente. Desta forma, para se preservar, reduz o metabolismo e desacelera os processos corporais, gerando sonolência.

Dores de cabeça e problemas de atenção são outros sintomas que podem surgir. Tal cenário induz ainda ao aumento da fome, como medida para que a ingestão de energia seja feita e compense o desequilíbrio.

6. Perda de peso

Uma das características do excesso de glicose no sangue, particularmente nos casos que já evoluíram para diabetes e o corpo não produz ou não consegue usar a insulina adequadamente, é a dificuldade de transporte do açúcar do sangue para os órgãos e tecidos, provocando a falta de energia para essas estruturas.

O quadro faz com que o organismo, como explicado acima, recorra às reservas de gordura e massa muscular, levando a uma possível queda repentina no peso corporal total.

7. Formigamentos nas mãos ou nos pés

O aumento do açúcar no sangue e o diabetes não diagnosticado também tendem a atingir as fibras nervosas de diferentes partes do corpo. Esses danos podem ocorrer em qualquer lugar, mas em geral afetam mãos e pés.

A degeneração progressiva de nervos dessas regiões faz com que ocorra a perda de sensibilidade, dor, dormência e formigamento das extremidades.

Nesse sentido, quando o alto nível de açúcar danifica os nervos e os vasos sanguíneos que levam sangue ao pênis, é possível surgirem questões que interferem na atividade sexual, provocando a disfunção erétil. Isso geralmente afeta os homens com diabetes tipo 2.

Nas mulheres, estudos apontam a baixa excitação e pouca lubrificação como algumas das consequências.

Outros sintomas

Entre os possíveis sinais, vale destacar ainda a ocorrência de náusea e vômito, assim como a irritabilidade provocada por mudanças rápidas no nível de açúcar no sangue.

No caso de diabéticos, o hálito com cheiro de frutas, acetona ou esmalte de unha pode representar outro indício. Novamente, quando o corpo não consegue usar a insulina para obter energia, ele decompõe as células de gordura para obter energia. Esse processo produz um ácido conhecido como cetonas, que provoca tal sintoma.

As consequências para o coração

Quando falamos dos danos na parede dos vasos sanguíneos, não podemos deixar de destacar que essas questões podem acometer vasos de diferentes calibres e localizações, afetando diversos órgãos, inclusive o coração.

Com muita glicose no sangue, o nível de colesterol aumenta, formando um número maior de placas de gordura nas artérias coronárias (as responsáveis por irrigar o órgão), que correm o risco de serem obstruídas.

O excesso de glicose na circulação favorece ainda a produção de coágulos, que, da mesma maneira, podem bloquear as coronárias. A obstrução desses vasos, parcial ou total, tem como consequência o surgimento de fatores de risco, doenças e eventos cardíacos, como hipertensão, insuficiência cardíaca, aneurisma da aorta e o infarto.

Existe a possibilidade de que o mesmo processo ocorra em outras artérias do corpo. O resultado pode ser, por exemplo, a falta de sangue no cérebro e um consequente AVC. Por isso, é de extrema importância monitorar a glicose e estar atento aos sinais de alerta.

Controle constante

No entanto, o açúcar não deve ser tido como um vilão. Ele está naturalmente presente em alimentos que contêm carboidratos, como frutas, vegetais, grãos e laticínios, e é fundamental ao corpo. O necessário é que seu consumo seja adaptado a cada condição de saúde.

E não importa o quanto seja cuidadoso, quem tem diabetes provavelmente vai apresentar a hiperglicemia em alguns momentos. Episódios leves e ocasionais, de modo geral, não são motivo de preocupação. Entretanto, o quadro se torna potencialmente perigoso se os níveis de açúcar no sangue ficarem muito elevados ou permanecerem altos por longos períodos.

Estamos falando de uma doença crônica, uma condição que tem longa duração, não tem cura e precisa de atenção e monitoramento constantes, com o devido acompanhamento médico. A ausência de diagnóstico e o retardo no início do tratamento podem ter consequências graves e irreversíveis.

Com informações do UOL