Churchil, o maior de todos

01 de Março 2020 - 19h27
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Em 24 de janeiro de 1965, 8h, morria, aos 90 anos de idade, Winston Leonard Spencer Churchill, em sua residência, no Hyde Park Gate, Londres, após nove dias de agonia em virtude de uma trombose cerebral.

Logo que a notícia foi tornada pública pelo seu secretário particular, a BBC iniciou uma cobertura especial, transmitindo os principais discursos do ex-primeiro-ministro e levando ao ar a Quinta Sinfonia de Beethoven, cujos acordes iniciais – três notas breves e uma longa – correspondem à letra V, no código Morse, representando o V da vitória que Churchill simbolizou e com o qual estimulava a resistência britânica e por que não dizer ocidental à agressão nazista, durante a segunda guerra mundial.

Churchill sabia que cabia aos britânicos resistir às investidas nazistas na Europa, como disse: “Hitler sabe que terá de nos vencer nesta ilha ou perder a guerra. Se pudermos resistir a ele, toda a Europa poderá ser livre e a vida no planeta poderá seguir adiante para horizontes abertos e ensolarados. Mas, se nós cairmos, então o mundo inteiro, incluindo os Estados Unidos, incluindo tudo o que conhecemos e do que gostamos, vai afundar no abismo de uma nova Idade das Trevas, ainda mais sinistra e talvez mais prolongada pelo uso de uma ciência pervertida. Que nós nos unamos para cumprir nosso dever, e desta forma nos elevemos de tal forma que, se o Império Britânico e sua comunidade britânica durarem mil anos, as pessoas ainda digam: ‘Aquele foi seu melhor momento!’.”

Sou fã incondicional de Winston Churchill, mas mesmo que não o fosse é difícil não reconhecer que ele é o maior estadista do século XX e um dos maiores de todos os tempos.

Foi ele o primeiro a elevar a voz alertando para o perigo que Hitler e os nazistas representavam, numa época em que entre todas as lideranças europeias defendiam uma política de apaziguamento, chegando a se aliar, mesmo sendo anticomunista visceral, a Stálin para combater a ameaça nazifascista. Quando questionado, disse: “Se Hitler invadisse o inferno, eu faria pelo menos uma referência favorável ao diabo na Câmara dos Deputados”.

Quando a França se rendeu vergonhosamente diante da Alemanha em 1940, o mundo esperava que ele fosse seguir esse caminho, mas disse: “Nós nunca nos renderemos... e lutaremos sozinhos até que o novo mundo venha resgatar o velho!” Era uma referência velada aos Estados Unidos e foi exatamente o que aconteceu, em 1941, depois que a antiga colônia inglesa foi atacada pelo Japão e entrou no conflito ao lado da Inglaterra, como ansiava Churchill.

A partir de 1944, apesar de aliados, já encarava Stalin como um inimigo, chegando mesmo a encomendar planos para um ataque contra a União Soviética após a vitória sobre a Alemanha.

No fim da guerra elevou novamente a sua voz para alertar para os perigos do comunismo, popularizando o termo “cortina de ferro”, quando ficou claro que Stálin não iria abrir mão dos territórios que conquistara no leste europeu.

Churchill foi o homem certo no lugar certo, mas, infelizmente, logo após a rendição alemã, perdeu as eleições (voltaria a ser primeiro-ministro na primeira metade da década de 1950).

Apesar de hábitos “pouco saudáveis”, como comer grandes quantidades de bacon e de beber pelo menos um quarto de litro de whisky quase que diariamente e fumar charutos desbragadamente, viveu até os 90 anos.