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Quem lê as postagens sobre o BBB 24 nas redes sociais e assiste ao programa na tela da Globo pode achar que são produções absolutamente diferentes. As pautas do dia na internet não estão casando com o que é levado ao ar na TV aberta.
Só nesta semana, a emissora não exibiu alguns episódios que fizeram com que os internautas empreendessem profundos debates: o incômodo do café da manhã frio do Davi, a discussão sobre responsabilidades pela falta de açúcar na casa, os gatilhos de Wanessa Camargo -e por aí vai. Eu juro que a lista é longa, e por vezes lisérgica.
O que vai ao ar e o que fica de fora é evidentemente uma decisão editorial bastante consciente. A falta de sincronia entre pay-per-view e redes sociais com o programa da TV nos fazem especular sobre os motivos para as escolhas acontecerem do jeito que acontecem.
Sem maiores juízos de valor, apresento abaixo minhas conjecturas, com base única e exclusivamente na observação atenta das placas tectônicas do showbiz nacional:
* A sociedade civil entendeu ao longo dos últimos anos que é possível aproveitar as polêmicas que acontecem no BBB para ampliar o debate e tratar de assuntos importantes aqui fora. A intensidade com que isso ocorre nas redes coloca o reality show como um grande fórum para enfrentar as vicissitudes do mundo em que vivemos.
Desta feita, uma das razões para as omissões pode ser uma tentativa de comover o público que não é tão cronicamente online dentro do eixo original do formato: um entretenimento rasteiro, descompromissado, que não busca levar maiores reflexões a ninguém.
É óbvio que isso só é possível deixando muita, mas muita mesmo, coisa de fora. Como se o editor tivesse que se tornar expert no famigerado jogo do contente da Poliana, com Boninho nos incentivando a encontrar apenas motivos para sorrir, mesmo enquanto admiramos o abismo da condição humana.
* Outra teoria, ainda menos charmosa, é a possibilidade de haver uma proteção institucional aos camarotes e os seus constantes vacilos no confinamento. A impressão ganhou força quando o bate-papo com o eliminado recebeu o primeiro integrante desta categoria, o Vinícius.
Foi uma mudança drástica de abordagem. Aposentaram a Thais Fersoza enquanto juíza do politicamente correto para investir no papo-furado sem maiores problematizações que fez a relevância do quadro despencar nos últimos anos. Todo mundo estranhou.
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De qualquer forma, o eixo apresentado na sabatina dos primeiros eliminados impulsionava o BBB como plataforma para debater as grandes questões da sociedade -o que não combina necessariamente com os cortes editoriais feitos nos programas levados ao ar nesses últimos dias.
* E também existem aqueles que botam fé numa possível operação da Globo para não dar um palco excessivo para Davi, que está no centro de boa parte das histórias suprimidas da edição na TV -quase sempre injustiçado ou mal interpretado de alguma maneira pelo restante do elenco.
A ideia por trás disso? Evitar que o participante dispare ainda mais na preferência do público, uma tendência já observada nos dois paredões em que ele retornou com uma ampla maioria dos votos.
Seria um caso raro de prego que leva martelada e não se destaca, uma inversão absurda do Axioma de Gasquez levado a ferro e fogo por Diego Alemão no BBB 7 ("prego que se destaca tem que levar martelada").
De todas as teorias supracitadas, essa considero a menos confiável. O BBB anseia por protagonistas sempre, independentemente do momento do jogo, pelo menos na minha humilde opinião. São personagens assim que guiam o olhar do público para dentro do programa.
* Finalmente, ainda temos a possibilidade de ser uma medida de emergência para disfarçar qualquer resquício de baixo-astral após a traumática saída de Vanessa Lopes na semana passada -e a posterior falta de informações sobre o estado de saúde da influenciadora.
Fato é que o BBB 24 tem suas controvérsias, mas vem sendo uma temporada muito curiosa. Quem pode acompanhar o reality para além da tabela de erros e acertos dos participantes está encontrando personagens complexos, divertidos e muito interessantes.
Com informações do colunista Chico Barney - UOL
