"Celina foi um marco e abriu portas para mulheres", diz neta da potiguar

08 de Março 2019 - 07h22
Créditos:

Jornal de circulação nacional, considerado um dos maiores do país, O Globo anunciou nesta sexta-feira (08), Dia Internacional da Mulher, a criação de uma plataforma digital dedicada ao tema. O nome escolhido para o novo espaço é Celina, uma homenagem a professora potiguar Celina Guimarães Viana, primeira mulher a votar no Brasil.

"Nascida em Natal, Celina morava em Mossoró, no Rio Grande do Norte, quando o Poder Judiciário local permitiu que mulheres se alistassem para votar em uma eleição complementar para o Senado. Celina e outras 20 mulheres se inscreveram. Ela foi a primeira a conseguir esse direito. A família guarda com carinho a foto que registra o momento: Celina, sorridente e de pé, deposita sua cédula em uma urna, cercada por homens, em abril de 1928", conta a reportagem.

"Naquela época, as mulheres só ficavam em casa, mas Celina não se prendeu às restrições. E o marido dela, Eliseu, apoiou. O que ela fez foi um marco, abriu as portas para a emancipação feminina. O voto é uma das formas de exercer nossa cidadania", disse Gina Viana, neta de Celina ao jornal.

O Senado acabou invalidando os votos daquela eleição por não aceitar o voto feminino. Mas Celina e as outras mulheres ficaram conhecidas pelo pioneirismo. O sufrágio feminino foi adotado no Código Eleitoral em 1932, no início da Era Vargas, e as mulheres também puderam disputar vagas na política um ano depois.

"Ela era atrevida, sabe? Numa vontade de ver o mundo mais igualitário para homens e mulheres, foi votar. Era uma mulher comum, mas que queria, assim como muitas ainda querem, ter direitos iguais", conta Carla Viana Coscarella, outra neta de Celina.

Três anos após o episódio do voto, Celina mudou-se com o marido para Teófilo Otoni, em Minas Gerais, e, depois, para Belo Horizonte, onde poucos sabiam de seu pioneirismo. Ela morreu aos 81 anos, na casa mineira que resiste ao tempo. Agora, seu nome vai contar outras histórias.