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- Vocês estão vendo o Big Brother?, pergunta alguém em um grupo que costumava falar sobre o reality em acaloradas discussões que avançavam a noite.
A resposta de todos variou entre "não", "parei" e "quem aguenta o BBB?".
Não foi sempre assim. Na estrelada edição de 2021, Juliette e Gil do Vigor conquistaram o coração do público mais hostil ao clima do reality show. O furor em comentar o programa era tanto, que a própria emissora baixou uma diretriz entre funcionários que não deviam criticar os participantes do programa em suas redes sociais. A apresentadora da GloboNews Andreia Sadi, por exemplo, que amava falar sobre o assunto, se calou.
Dessa vez, a indignação com a eliminação da eloquente Sarah — uma mulher que sabia se colocar muito bem e colocava seus pensamentos de maneira coerente — atingiu até quem trabalha bem perto do programa. E eles podem não ter comentado o assunto em rede social, obedecendo o patrão, mas não conseguiram disfarçar: falaram sobre o assunto no ar.
Primeiro foi Tadeu, no discurso que anunciava a eliminação de Sara: foram três minutos de exaltação à inteligência, oratória, doçura e luta da moça. A presença de pessoas pretas no BBB foi abordada. O sentimento de injustiça no discurso de Tadeu estava em sua voz: "Por que uma mulher assim seria eliminada pelo público no Big Brother?", ele diz e completa: "Não me peçam para explicar". Fica claro ali que ele não concordava com seu público (ou com seu país?), que elimina uma mulher preta forte e dá mais uma chance a uma mulher branca que tem sido violenta, Bruna Griphao.
Na manhã seguinte, Ana Maria Braga nem se preocupou em disfarçar: "Primeiro, devo lhe confessar que não queria te ver aqui hoje. Eu estava torcendo para não te ver aqui hoje. É feio falar isso?", pergunta para Sarah. A garota é fina e atribui sua eliminação ao jogo. Não dá mesmo para garantir que milhões de brasileiros optaram pela permanência de Bruna só por racismo. Não dá mesmo? Que isso fica na entrelinha, fica.
"Hoje vou entrevistar os campeões do BBB 23. Os finalistas do meu coração, do proletariado que paga boleto... não queria estar falando com vocês hoje", disse Paulo Vieira com nenhum pudor ao entrevistar Cezar Black, Sarah e Domitila. Esconder sentimento faz mal para o fígado, dizem.
Se a Globo vai repensar o formato e escolhas de andamento para o jogo, eu não sei. Mas do meu grupo de Whatsapp ao pessoal que vive ali dando uma espiadinha na casa outrora mais vigiada do Brasil... O pessoal não está escondendo o ranço, não. E com esse ranço todo, como sentar em frente da TV para ver a coroação de alguém com atitudes que a gente repugna? Não bastava o Arthur Aguiar, minha gente? Eu, hein.
Com informações do Splash - UOL
