
Dias desses, logo após a soltura de Lula, alguns amigos petistas, esquerdistas e lulistas pespegaram comparações as mais esdrúxulas. A mais repetida é que Lula e Mandela estão no mesmo patamar.
A distância entre Mandela e Lula tem de ser calculada em anos-luz, medida geralmente usada por astrônomos para mensurar distâncias de escala interestelar.
O líder sul-africano é estrela de primeira grandeza; o pernambucano de Garanhuns, satélite d’algum planeta.
Depois de passar menos de dois anos preso, após condenação em três instâncias, Lula saiu destilando veneno da jararaca que disse ser, prometendo incendiar o Brasil, chamando o atual Presidente da República de miliciano e o ministro da justiça de canalha. Faltou somente convocar as mulheres de grelo duro para o seu exército de Brancaleone.
Em tudo e por tudo diferente de Nelson Mandela.
Tivemos muitos estadistas no século XX – Churchill, Roosevelt, De Gaulle, Willy Brandt... Mandela foi, possivelmente, o último da espécie.
Nelson Mandela, preso durante 27 anos pelo regime segregacionista da África do Sul, saiu da prisão para perdoar os seus algozes e para apregoar um discurso de paz e união nacional.
O livro Conquistando o inimigo, de J. Carli, que deu origem ao filme Invictus, de Clint Eastwood, mostra como Nelson Mandela, recém-eleito presidente da África do Sul, utilizou-se da Copa do Mundo de Rugbi como ferramenta política para criação de um sentimento de pertencimento em torno do projeto de construção da nação, fazendo os negros se juntarem aos brancos para torcerem pela seleção sul-africana de rúgbi, esporte preferido pela minoria branca.
A união em torno da seleção é o pano de fundo das motivações do grande líder sul-africano, que conclama os brancos a se engajarem no governo que ele dirigia, trata os seguranças brancos da Presidência da República com um carinho paternal e por aí vai.
O projeto de Mandela passa por uma espécie de anistia, misto de esquecimento e perdão, pois, sabe o grande estadista, o rancor e o ódio não são elementos construtores de nada.
O Brasil está numa encruzilhada tem faltado sabedoria aos nossos líderes para nos tirar do atoleiro ideológico.
Solto, Lula insiste em nos carregar pra lá, insiste em propagar desunião, insiste em acirrar os ânimos, numa postura de político provinciano, nunca de estadista.
A insistir na postura, o líder petista só será grande para os seus militantes.
Pra história será nota de rodapé.