Anestesista desligou aviso que monitorava grávida durante estupro

05 de Dezembro 2022 - 05h07
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O julgamento de Giovanni Quintella Bezerra, o médico gravado estuprando uma mãe, na sala de parto, em São João de Meriti, no Rio de Janeiro, começa a partir do dia 12 de dezembro, exatos cinco meses depois da prisão em flagrante do médico no Hospital da Mulher, na Baixada Fluminense.

Ele está preso em uma cela individual do pavilhão 8 de Bangu, destinado a detentos com curso superior. E isolado por causa de ameaças.

O Fantástico teve acesso aos trechos inéditos do vídeo usado como prova para a prisão em flagrante do anestesista. As cenas mostram que Giovanni colocou em risco a vida da paciente para ter a oportunidade de abusar dela.

As imagens foram registradas por um celular, estrategicamente escondido num armário dentro da sala de parto. Mas a defesa de Giovanni alegou que a captação foi ilegal, porque foi produzida sem conhecimento dos envolvidos e sem autorização da Polícia ou do Ministério Público.

A Justiça não aceitou o argumento. E afirmou que crimes dessa natureza quase sempre são cometidos às escondidas, tendo, geralmente, como única prova a palavra da vítima, que, naquele caso, se encontrava sedada, sem qualquer possibilidade de reação ou de prestar depoimento sobre o ocorrido. E reforçou que a captação foi feita por profissionais de saúde, que, naquela circunstância, tinham o dever de proteger a gestante.

De acordo com o inquérito, Giovanni fez sete aplicações de sedativos na vítima. Os peritos dizem que a quantidade de anestésicos extrapolou o que é habitualmente utilizado em uma cesariana.

Na sequência do vídeo, alarmes sonoros começam a disparar. De acordo com a perícia, os alarmes são do monitor multiparâmetro, que podem corresponder à queda de saturação de oxigênio da paciente, porque, além da sedação e da falta de máscara de oxigênio, Giovanni ainda obstruiu as vias aéreas da vítima . O barulho do alarme chama a atenção dos médicos que estão ali do lado.

O anestesista desativa o sinal sonoro, enquanto continua o estupro. O abuso dura aproximadamente dez minutos.

A Defensoria Pública não quis se pronunciar sobre o julgamento, mas, segundo informações, a defesa pediu à Justiça que Giovanni aguardasse o julgamento em liberdade, alegando que ele é réu primário, tem endereço fixo e não oferece risco à ordem pública.

A Justiça negou e afirmou que a liberdade de Giovanni oferece sim risco não só à ordem pública, à vítima e às testemunhas. A defesa ainda pediu um teste de sanidade argumentando que o médico tem histórico de quadro de transtorno psicológico na família e estava usando medicamentos que aumentam a libido, o desejo sexual.

A audiência de instrução e julgamento pode durar no máximo 60 dias. Primeiro, serão ouvidos a vítima e seu marido. Depois, as oito testemunhas de acusação. E, em seguida, as oito testemunhas de defesa. Na sequência, abre-se espaço para esclarecimentos da perícia. E, por último, o depoimento de Giovani, que vai participar da audiência por videoconferência para evitar que sua presença intimide a vítima ou as testemunhas, também por questões de segurança. Ele vai responder por estupro de vulnerável.

Com informações de G1