Startup quer garantir que você não receba mais comida fria nos deliveries

12 de Agosto 2021 - 13h21
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Um velho ditado popular diz que “A necessidade é a mãe da sabedoria”. E uma onda de entregas de pizzas frias na cidade de São Paulo e em Ilha Bela motivou a invenção de um sistema de aquecimento que promete ao consumidor que ele não receberá mais comida fria dos deliveries. E, tão bom quanto isso: ele poderá pedir por refeições mesmo que a sua casa esteja distante do seu restaurante preferido. 

A solução usa um sistema de aquecimento por indução eletromagnética e foi desenvolvida pelo inventor Delfim Neto que, inicialmente, usaria a tecnologia para funcionar em um futuro utensílio doméstico de aquecimento de comida. No entanto, ele observou as propriedades gastronômicas de uma comida fresca — como o queijo de uma pizza, por exemplo — não seriam as mesmas quando reaquecidas nessa plataforma. 

Com isso, o modelo de negócios foi repensado e uma das sugestões foi usar esse sistema de aquecimento em uma mochila de entrega de refeições usadas por motoboys e tão comuns pelas cidades Brasil afora. Dessa forma, a comida manteria seu frescor e temperatura durante todo o trajeto entre o restaurante e a casa do cliente. Aprovada a ideia, começaram os testes. 

Neto, juntamente com Armando Pompeu, Alessandro Andrade e Marcelo Guimarães contrataram um engenheiro para montar o protótipo de uma mochila que pudesse embutir esse sistema de aquecimento, mas sem os riscos de pegar fogo ou danificar seus componentes. Com o exemplar construído, era hora de testar juntos aos restaurantes. 

Para certificar as qualidades do sistema de aquecimento, Pompeu e Andrade testaram a solução nas mais diversas culinárias (carnes, massas, pizzas, sanduíches, sopas, risotos, etc). Eles compravam as refeições, alocavam na mochila dotada com a tecnologia e traziam para casa para experimentar. Quando se certificaram que a invenção funcionava bem, testaram-na junto a chefs de cozinha e donos de restaurantes, notoriamente mais críticos e rigorosos em relação à comida.


Para isso, eles pediam que fossem preparados dois pratos da mesma refeição, alocavam um deles em uma mochila normal e o outro na bag com o seu sistema de aquecimento. Na sequência, eles deixavam os pratos dentro desses compartimentos entre 25 e 35 minutos (tempo médio de um delivery até a casa do cliente) e retiravam os mesmos para que os donos dos restaurantes experimentassem. Enquanto na mochila comum, a temperatura interna era de 30ºC, na adaptada essa temperatura estava em 80ºC, permitindo que as refeições mantivessem seu frescor. 

Mais uma vez, a solução de Neto e cia. ganhou a disputa. Nascia aí a Kenti –  uma foodtech que não apenas quer usar essa tecnologia para deixar as refeições aquecidas — e saborosas — por muito mais tempo, como também permitirá que os restaurantes ampliem o seu raio de entrega para regiões mais distantes, aumentando a clientela, já que o frescor dos pratos será mantido.

De protótipo a produto

Com o feedback positivo dos donos de restaurantes, os fundadores da Kenti contrataram uma empresa de engenharia de maior porte e que transformou o protótipo em um produto final, pronto para ir ao mercado, seguindo as especificações de segurança. Hoje, a foodtech afirma que trabalhará com duas versões da mochila: um onde toda a eletrônica está dentro dela e um segundo modelo em que parte desses componentes está dentro e a outra parte, fora.  

Olhando de fora, a mochila da Kenti parece uma versão normal daquelas usadas comumente pelos entregadores. Mas ao abri-la, é possível ver a tecnologia envolvida. Há uma bateria, um circuito inversor que funciona em sincronia com a espira para fazer a indução eletromagnética e realizar o efeito físico de aquecimento, uma placa de circuito impresso, onde está o software que faz todo o gerenciamento de Internet das Coisas (IoT) e uma pequena placa que traz o recurso de GPS. 

Segundo Alessandro Andrade, todo esse aparato deixa a mochila cerca de 2kg mais pesada, algo equivalente a uma garrafa de refrigerante dois litros, o que impactaria pouco no manuseio dela pelos entregadores.

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