Roteiristas do Vai que Cola se revoltam com elenco e denunciam violência psicológica

23 de Agosto 2023 - 12h54
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O Vai que Cola pode até despertar risos no público, mas nos bastidores o clima é de guerra. Os roteiristas do humorístico apresentaram uma carta para toda a equipe do programa --inclusive diretoria, produção e elenco-- na qual denunciam violência psicológica. Os casos teriam começado com críticas dos atores e atrizes ao texto, mas se tornaram abusos que têm prejudicado o ambiente de trabalho. A demissão de André Gabeh foi o estopim para o pedido de ajuda. Outro escritor revelou que preferiu pedir demissão do programa a continuar lidando com o assédio moral.

De acordo com o site Notícias da TV, Gabeh acabou desligado da atração do canal Multishow após queixas e insatisfação de parte do elenco. Um dos roteiristas confirmou à reportagem a veracidade dos relatos descritos na carta, e Gabeh disse que está "muito impressionado" com o que leu. "Preciso organizar minha cabeça um pouco", resumiu o também ex-BBB.

O roteirista não escondeu seu descontentamento no dia em que foi demitido. Gabeh tentava sair do humor besteirol para colocar diálogos mais politizados nas interações entre Ferdinando (Marcus Majella), Jéssica (Samantha Schmütz), Terezinha (Cacau Protásio) e companhia.

O estilo da escrita de Gabeh, no entanto, desagradou. Sem citar nomes, o ex-BBB acusou os atores de confabularem contra seus roteiros. "Apesar dos elogios que me faziam, o elenco do programa não estava satisfeito com o que eu escrevia. Eles têm todo direito de não gostar e, em uma relação profissional as coisas, para dar certo, têm que funcionar para todos", disparou ele, em um trecho de sua despedida da sitcom, no Facebook.

Daniel Porto, que trabalhou na equipe de roteiristas do Vai que Cola até 2022, se demitiu por sofrer assédio moral. Em um depoimento feito nesta quarta (23) no Linkedin, ele alegou que todos os atores tinham atitudes "cruéis, ofensivas e diretas" com os escritores dos episódios. O ex-roteirista ainda desenvolveu  síndrome de burnout pelo excesso de trabalho.

"O preço que paguei foi caro: um burnout digno de uma internação psiquiátrica, e depressão e crise de ansiedade como presente pelo assédio moral, feito diariamente pelos atores e equipe de criação aos roteiristas", acusou ele.

"O desdenho e o assédio com nossos textos era diário e na nossa cara. A estrutura inteira do programa sabia, e nós ficávamos vendidos tentando nos defender da maneira que nos cabia. Os nomes citados na carta são poucos. Todos do elenco, digo, todos do elenco tinham comportamentos tóxico conosco, em maior ou menor grau", lamentou.

Porto ainda reclamou do baixo salário pela quantidade de trabalho que lhe era exigida, e aplaudiu André Gabeh por ser o primeiro a expor a situação. "Me solidarizo e compartilho meu relato para dizer que você não está sozinho nessa", finalizou ele.

Segundo o relato dos roteiristas na carta conjunta, Gabeh teria sido vítima de "implicância e perseguição" pelo elenco. Os roteiristas reclamaram do ambiente hostil de trabalho, que difere muito do clima que um programa humorístico requer para funcionar. As supostas denúncias não são de hoje --segundo os escritores, a situação está assim desde 2020.

"Atualmente, a atmosfera de trabalho é de apreensão e medo, pois os roteiros recebem diversas críticas infundadas e abstratas. Críticas estas que dizem respeito, na maior parte dos casos, aos gostos pessoais e não à técnica e podem ter consequências desastrosas, como a recente demissão do roteirista André Gabeh", disseram eles.

"Como artistas, respeitamos todos os talentos. Infelizmente, o respeito não é recíproco. Temos certeza de que entregamos roteiros com qualidade, mesmo levando em conta as difíceis exigências impostas para a feitura das sinopses, escaletas e roteiros, tais como: prazos apertados, ausência de personagens importantes, indisponibilidade do elenco para gravação etc", criticaram.

Com informações de Notícias da TV