Nova imagem pode indicar outra embarcação suspeita de derramar óleo no Nordeste

17 de Novembro 2019 - 14h00
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O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) encontrou uma nova imagem de satélite que pode ser determinante para chegar a um novo navio suspeito de derramar o óleo que foi encontrado nas praias do Nordeste e do Espírito Santo. A equipe deste laboratório, comandada pelo cientista Humberto Barbosa, acredita que a embarcação responsável pelo crime ambiental não seja o navio petroleiro Bouboulina , apontado pelo governo brasileiro  como principal suspeito  pelo crime.

A nova imagem do satélite Sentinel-1A, encontrada na última sexta-feira, mostra outra mancha de grande proporção referente ao dia 19 de julho de 2019, na costa leste do Nordeste brasileiro, a 26 km do Litoral da Paraíba. Os primeiros relatos de chegada de óleo na costa brasileira são de 30 de agosto. O satélite capturou uma grande mancha, com cerca de 25 km de extensão e 400 metros de largura.

Para os pesquisadores, a identificação desta nova mancha não apenas isenta o Bouboulina , como abre a possibilidade de apontar outro navio suspeito de ter derramado o óleo. 

“Com base em dados de geointeligência marinha, cruzados com informações de satélites, o Lapis concluiu ter havido comportamento atípico, no percurso do navio, pela costa norte do Nordeste brasileiro, no período anterior a 28 de julho. A bandeira da embarcação suspeita não é grega. Todos os seus dados serão repassados, pelo Lapis, ao Senado Federal, no próximo dia 21 de novembro. Na ocasião, haverá uma audiência pública da Comissão Externa que acompanha as investigações sobre a poluição por óleo no Litoral do Nordeste”, disse Humberto Barbosa, por comunicado.

Segundo os pesquisadores, a partir da análise das imagens de satélites, que mapearam o oceano nos dias 19 e 24 de julho, foi possível rastrear todos 111 navios-tanques que transportavam óleo cru nestas datas pela costa norte do Nordeste brasileiro. E os cientistas do Lapis afirmam que de todas as embarcações analisadas, apenas uma delas “apresentou evidências de que algum incidente pode ter ocorrido durante seu trajeto, podendo ser a provável fonte do óleo que polui o Litoral brasileiro”.

A suspeita de que algo errado possa ter acontecido esta baseada no itinerário realizado pelo navio em julho. O navio costumava fazer o trajeto de um país asiático até a Venezuela, pela África do Sul, com o transponder devidamente ligado, ou seja, o aparelho que indica sua localização durante todo o percurso.

“Todavia, as análises sobre a embarcação mostram que, no percurso do dia 1º de julho a 13 de agosto, o itinerário do navio pelos oceanos foi bastante controverso. O navio suspeito não transmitiu, de forma regular e sem interrupções, todas as informações de sua faixa de Automatic Identification System  (AIS, um sistema de monitoramento de embarcações usado internacionalmente). As embarcações que não transmitem consistentemente seu sinal de rastreamento público violam o direito marítimo internacional. De fato, a prática foi observada pelo navio investigado”, diz Humberto Barbosa.

Com informações de O Globo