Homem que rasgou notas do Carnaval de SP é transferido para prisão federal

13 de Junho 2023 - 03h47
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Tiago Ciro Tadeu Faria, conhecido como "Gianecchini do crime", foi transferido da penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná, na última quarta-feira (7), às vésperas do feriado de Corpus Christi.

Tiago ficou conhecido nacionalmente após rasgar as notas finais do Carnaval de São Paulo de 2012. A polícia descobriu depois que ele tinha envolvimento em vários roubos de repercussão a banco, conhecidos como "domínio de cidades". Um dos motivos para a transferência foi uma tentativa de fuga em agosto de 2021

Nascido em 1982, filho de uma auxiliar clínica, falecida em janeiro de 1995, e de um carcereiro assassinado em março do mesmo ano, Tiago foi criado por uma irmã mais velha. Ele é tido por autoridades da segurança pública paulista como "estrela", uma vez que suas ações não costumam ser feitas no anonimato.

Segundo investigações da Polícia Civil paulista, ele teve envolvimento comprovado em pelo menos quatro mega assaltos de 2017 a 2020: em Lajes, no Rio Grande do Norte, onde deixou vestígios biológicos em um iogurte encontrado em um carro usado no crime, e em três cidades do interior paulista: Bauru, Ourinhos e Botucatu.

Além disso, policiais paulistas afirmam que Tiago tem uma marca registrada, que foi encontrada em outros mega-assaltos: a forma como ele amarra os artefatos explosivos é tida pelas autoridades como uma espécie de DNA deixado por ele. Assim ele é relacionado, também, a um mega-assalto que ocorreu em Araçatuba — na data da ação, houve uma tentativa de fuga em que ele seria beneficiado.

"Gianechini do crime" nega ter participado de todos os crimes em que é relacionado. E afirma, em cartas a familiares, que é perseguido.

Por meio de nota, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) confirmou a transferência de Tiago para o Sistema Penitenciário Federal no dia 7.

Ataque em Bauru

Em 2018, a Polícia Civil afirmou que Tiago participou de uma ação conhecida como "domínio de cidade" em Bauru (SP), explodindo a Caixa Econômica Federal no centro. O roubo deu errado porque a PM reagiu rapidamente. O montante almejado não foi levado, ninguém ficou ferido, mas, na ocasião, nenhum criminoso foi identificado.

Durante a investigação, foi encontrado um lugar em Rio Claro (SP), onde PMs identificaram que seria o local onde os criminosos estavam antes do assalto. Lá, acharam, na garagem, vestígio de terra proveniente de um Audi Q3 usado no ataque. Também foi encontrada uma etiqueta de uma Mitsubishi TR4, também usada na tentativa de assalto.

No sótão da casa, ainda foram encontradas lanternas de fixação em cabeça, explosivos, carregador de fuzil e cápsulas de armamento de grosso calibre (556 e 7,65). Com os donos da casa, a polícia encontrou R$ 45 mil em espécie. Câmeras de segurança de casas próximas do local comprovaram que os dois carros usados no crime ficavam baseados naquele terreno.

O vestígio biológico de Gianecchini foi localizado em dois dos objetos encontrados naquela ação: em uma balaclava localizada em um dos carros deixados pelos criminosos e em um fragmento de papel de guimba de cigarro localizado em uma segunda residência onde os criminosos ficaram antes do crime, em Bauru.

Em 15 de junho de 2020, o perfil genético dele foi inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos. Ele afirmou à Justiça que o DNA de mucosa bucal foi feito à base de ameaças. Com cruzamento das informações, foi identificado DNA dele também na ocorrência de roubo a banco em Lajes (RN).

Ataques em Botucatu e Ourinhos

Em 2020, uma quadrilha com cerca de 30 homens fortemente armados se dirigiu a uma agência do Banco do Brasil em Botucatu para roubá-la. Gianecchini foi acusado de ter atuado no planejamento e financiamento da ação, sendo o responsável por adquirir cilindros de oxigênio e respiradores que seriam utilizados no assalto. Ele teria estado presencialmente em Ourinhos, que fica na região, meses antes do crime.

No local do roubo, os ladrões abandonaram objetos usados na ação, como coletes, roupas e cilindros de oxigênio com máscara e respirador.

Em depoimento, porém, ele afirmou que na data do ocorrido estava em São Paulo, na casa de um pai de um amigo que nunca foi ouvido e que tem 70 anos. Ele negou compra dos cilindros por meio de um intermediador de quem é amigo há 30 anos.

Esse intermediador, porém, afirmou à polícia que fez a compra dos cilindros encontrados na cena do assalto a pedido de Gianecchini, mas sem saber para que ele precisava dos objetos.

Com informações do UOL