Empregabilidade Trans: empresa de saúde contribui para o avanço da comunidade LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho

28 de Junho 2023 - 14h08
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Diversas dificuldades são enfrentadas para inserção no mercado de trabalho formal. E, quando se trata de pessoas trans, os obstáculos são ainda maiores, sendo necessário  travar lutas diárias para garantir a sobrevivência. Para piorar, o Brasil ocupa a posição do país que mais mata pessoas desse gênero no mundo, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Ainda segundo estimativa da Antra, apenas 10% da população transexual possui empregos formais, enquanto os demais 90% se encontram, em grande parcela, usando seus corpos como fonte de renda. 

Para além do mês do orgulho LGBTQIAPN+, celebrado em junho, como forma de evidenciar a luta pelos direitos da comunidade e conscientizar a população sobre a necessidade do amor e respeito ao próximo, a Hapvida NotreDame Intermédica tem contribuído para mudar as estatísticas e inserir cada vez mais pessoas LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho. Atualmente 9% do seu quadro nacional de funcionários é formado por pessoas autodeclaradas LGBTQIAPN+, sendo 1,3% pessoas transexuais e 7,7% formado por bissexuais, lésbicas, assexuais e pansexuais.

Dois grandes exemplos são o analista microbiologista, Mariano Horta, e o jovem aprendiz, Gustavo Thomas, que atuam na unidade do HTL (Hospital Teresa de Lisieux) em Salvador. Há doze anos atuando na companhia, Mariano, 33, é bacharel em Ciências Biológicas e teve a oportunidade do seu primeiro emprego na unidade, onde entrou como técnico de laboratório. O jovem diz se sentir muito acolhido e respeitado no seu ambiente de trabalho e detalha um pouco das suas dificuldades ao longo da sua caminhada.

“Eu me sinto muito realizado no meu local de trabalho. Sempre fui bem acolhido, tanto pelos gestores que tive quanto pelas equipes nas quais já trabalhei aqui dentro. Das relações profissionais, nasceram grandes amizades que hoje fazem parte da minha vida. Mas, até chegar nesse espaço em que me sinto pertencente, nós, enquanto pessoas trans, passamos por várias dificuldades, em que a nossa capacidade é questionada por termos um gênero biológico diferente do gênero social ou simplesmente a falta de respeito pelo nosso nome social. Mas hoje eu me sinto sortudo, pois me encontro em um ambiente onde posso ser eu mesmo e sem medo das críticas e do julgamento”, afirma. 

O analista, que há cinco anos passou pelo processo de transição dentro da empresa, lembra de uma situação que passou no  ambiente de trabalho onde a reação dos seus colegas o surpreendeu. “Uma única vez eu passei por uma situação de transfobia por parte de uma colaboradora recém-contratada, e eu nem precisei me posicionar, meus próprios colegas de setor, prontamente saíram em minha defesa, e isso me deixou muito feliz, porque tive a certeza de que não estou só e tenho ao meu lado pessoas que me apoiam e estão comigo”, declara.   

Mariano diz se sentir “privilegiado” por ser uma das poucas exceções de pessoas trans no mercado de trabalho, faz uma alerta para as empresas que mantêm a resistência de promover a diversidade e reforça a necessidade de toda a comunidade LGBTQIAPN+ nunca desistir. “Infelizmente ainda existem empresas que não dão oportunidade para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, principalmente quando se trata de transexuais e travestis. A diversidade precisa sair do papel dentro das instituições e ser uma prática diária, para além das datas comemorativas. Eu sei o quanto o caminho é doloroso e cansativo, mas nós, enquanto pessoas LGBTQIAPN+, não podemos desistir. Nunca permitam…