
A Controladoria-Geral do Rio Grande do Norte está no foco de investigação sobre supostos desvios de recursos públicos. Na manhã de ontem, policiais civis cumpriram mandados no local e em outros três endereços em Natal e na Grande Natal para apurar as possíveis irregularidades que teriam ocorrido em 2020. A investigação transcorre em sigilo e o ex-controlador-geral do Estado, que estava no cargo à época, e atual secretário de Administração do Rio Grande do Norte, Pedro Lopes, está em silêncio.
A operação da Polícia Civil foi deflagrada pelo Departamento de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro. Segundo informou a corporação, a ação faz parte de uma investigação que apura supostos desvios ocorridos em 2020, realizados por servidores e ex-servidores públicos que visavam cargos eletivos. Em 2020, o então controlador-geral do Estado não disputou eleição, mas foi candidato a deputado estadual no pleito de 2022. Não há a confirmação sobre quais suspeitas recaem sobre Pedro Lopes e os demais servidores investigados.
Por parte do Governo do Estado, o silêncio só foi quebrado por uma nota encaminhada pela própria Control-RN. O órgão explicou que a sede do órgão foi alvo de busca e apreensão realizada pela Polícia Civil, confirmando que a ação é um desdobramento de investigação de supostos crimes cometidos por “servidores e ex-servidores públicos outrora lotados” na controladoria. Ainda em nota, a Control disse que, ao tomar conhecimento da investigação, determinou a instauração imediata de auditoria para apurar eventuais desvios de condutas praticados, além de solicitar à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) a designação formal de procuradores para o acompanhamento do caso. “Ademais, esta Controladoria determinou à Corregedoria-Geral a abertura de procedimento para apurar a responsabilidade dos servidores e ex-servidores envolvidos”, limitou-se a informar. “A Controladoria-Geral do Estado reitera o seu compromisso com a transparência e mecanismos de controle, bem como se coloca à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações em curso”, disse.
Por ser uma investigação da Polícia Civil e a corporação ser ligada ao Governo do Estado, houve alerta por parte das entidades representantes da classe policial para acompanhar eventuais retaliações aos profissionais que participam da apuração. O Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) e a Associação dos Delegados (Adepol) estão atentos à situação.
Em nota, o Sinpol parabenizou os policiais pela operação que, de acordo com o sindicato, é “fruto de um trabalho investigativo de excelência de toda a equipe”. “A ação reforça o caráter isento da investigação realizada pelos policiais civis e demonstra o comprometimento da categoria com as atribuições de suas funções, zelando pelo patrimônio público e atuando de maneira incansável para combater atos ilícitos, independente da esfera que seja”, disse a nota encaminhada publicada pelo Sinpol, reforçando “a independência que a função exige”.
Já a presidente da Adepol, a delegada Tais Aires, disse que o caso está sendo acompanhado devido ao contexto de ser uma apuração dentro do Poder Executivo. Contudo, ela afirmou que não se tem informações sobre quaisquer tentativas de intimidação. “A associação não foi procurada (para relato de perseguição ou intimidação). Obviamente é um caso que a gente acompanha e fica bem alerta porque a gente sabe que é uma coisa que normalmente acontece. E acompanhamos porque, caso venha a acontecer algum tipo de perseguição, nós vamos atuar”, disse a presidente da Adepol.
Com informações de Tribuna do Norte