Com atos de Lula na China, ameaça comunista deixa de ser apenas teoria da conspiração

14 de Abril 2023 - 03h52
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A diplomacia brasileira se consolidou historicamente por seu esforço em se manter neutra. Esse pragmatismo, no entanto, jamais foi capaz de esconder um alinhamento quase automático com a visão ideológica e econômica ocidental. Os mais antigos certamente se lembram de sermos tratados como “quintal dos EUA”, mesmo status a que se submetem quase todos os países do continente americano, do Golfo do México à Patagônia.

Agora, o presidente Lula encontra na viagem à China a oportunidade perfeita para deixar claro suas divergências com os norte-americanos. O presidente tem a certeza de que os ianques não permitirão o desenvolvimento dos países da América do Sul, especialmente o Brasil. O argumento lulista é colaboração de autoridades daquele pais à Operação Lava Jato, com o objetivo de tirar a competitividade internacional das megaconstruturas brasileiras.

A viagem de Lula à China vem dar novas cores ao arranjo planetário que parecia imutável desde a Guerra Fria. Não se trata apenas de dinheiro e relações comerciais. As peças do tabuleiro internacional estão em movimento. 

De Xangai, Lula expôs com clareza alguns paradigmas de sua nova chancelaria: fortalecimento dos Brics, criação de uma moeda comum (em substituição ao dólar) para transações comerciais entre Brasil e China, tentativa de criação de um conselho de países “neutros” para mediar um acordo de paz – que só pode resultar em algum benefício para o criminoso de guerra Vladimir Putin.

Por mais que o Brasil propague sua soberania e independência, a aproximação com Xi Jinping, e deste com a Rússia, somada às provocações dirigidas à Otan e ao frágil governo Biden, não permitem muita ingenuidade: nosso país está pendendo para um dos lados – e não é o norte-americano.

Não é preciso contratar institutos de pesquisa para saber qual a preferência da imensa maioria dos brasileiros. O lado errado da força está com os ditadores e autocratas. Assim que a opinião pública perceber que a tão conclamada "ameaça comunista" é muito mais complexa que uma teoria da conspiração, o governo Lula há de pagar um preço alto por suas opções e ações ideológicas.

Com informações de Marco Antonio Araujo, do R7