Bolsonaro encontra irmão de petista assassinado e pede desculpa por ter divulgado fake news

21 de julho 2022 - 03h56
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu nesta quarta-feira (20) com o irmão de Marcelo de Arruda, militante petista assassinado em Foz do Iguaçu (PR) no último dia 9 pelo policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho.

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) participou do encontro e disse que o mandatário pediu desculpas a José Arruda por ter divulgado informações falsas sobre o crime. O parlamentar fez referência ao fato de Bolsonaro ter afirmado que as pessoas que chutaram Jorge após a troca de tiros eram petistas.

"O presidente se retratou com ele e reconheceu que aquela fala dele foi uma fala sem a devida informação verdadeira", disse. Segundo o deputado, ele mesmo informou a Bolsonaro que a informação estava errada. "Eu disse a ele a verdade também e o José também falou, que aquele ato, o chute, depois, não foi um ato provocado por um petista, foi um ato de um amigo do Marcelo bolsonarista", declarou.

Otoni de Paula afirmou que a reunião foi gravada e que talvez ela seja divulgada por Bolsonaro. O emedebista também disse que o chefe do Executivo demonstrou preocupação com o clima político no país. "Ele disse que na verdade esse clima de violência não pode perdurar e não deve perdurar e que esse clima é um clima inaceitável", afirmou.

De acordo com o parlamentar, Bolsonaro prestou solidariedade à família e "foi taxativamente contra tudo o que aconteceu". O presidente também comentou o encontro em discurso em um culto evangélico na noite desta quarta, em Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal.

Bolsonaro classificou o crime como "lamentável e injustificável" e afirmou que "a imprensa tentou colocar" o crime no colo dele. "Destruímos narrativas, mostramos que me interessa conversar com ele para prestar solidariedade e ele veio falar comigo", afirmou. O chefe do Executivo também disse que "não interessa a coloração [partidária] daquela pessoa".

Otoni de Paula afirmou que fez contato com a família de Arruda por meio de Oswaldo Eustáquio, blogueiro bolsonarista que já foi preso pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O deputado já havia sido a ponte do presidente com este e outro irmão de Arruda no contato que fizeram por telefone.

Logo depois da divulgação do diálogo por telefone, a viúva do guarda municipal petista assassinado, Pâmela Silva, afirmou ter considerado um "absurdo" o telefonema e disse que os dois nem sequer estavam na festa de aniversário onde ele foi morto a tiros por Guaranho.

Paula disse que José Arruda se encontrou com Bolsonaro "com anuência da família", mas não soube responder se a viúva havia sido comunicada da reunião.

O policial penal responsável pelo assassinato foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná nesta quarta.

Com informações da Folha