Ambientalistas sem voto

03 de Junho 2023 - 09h03
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Eu, como alguns milhões (?) de brasileiro, penso que o futuro do país e do mundo depende de pautas e políticas ambientais consistentes. Por isso votei, em duas eleições presidenciais (2014 e 2018), em Marina Silva.

Reconheço, hoje, que inutilmente, não porque Marina seja um fracasso como ambientalista, mas por ser um fracasso como liderança política autônoma e altiva, como demonstra suas sucessivas derrotas no campo político.

Não dá para os ambientalistas brasileiros, Marina Silva à frente, continuarem se esgoelando em defesa do meio ambiente e conseguirem aprovar suas proposições se não conseguem transformar suas demandas em votos e, daí em diante, em políticas públicas efetivas.

Quantos votos tem a bancada ambientalista na câmara federal? E no senado? Como é a situação política nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais? Como a atual ministra da área, Marina Silva, que já foi ministra de Lula em gestão anterior e saiu humilhada do governo e foi posteriormente destruída na campanha de 2014, pelo marketing de João Santana, a serviço da candidata petista Dilma, negociou os temas da área com o então candidato presidencial no último pleito, em 2022?

A bancada ambientalista parece não ter voto para encher a finada Kombi, mas os seus adversários têm para lotar alguns ônibus de 40 lugares.

Ao final é isso que conta, ou não?

Os ambientalistas são primos eleitorais dos identitários de esquerda. Quase sempre fracassam em transformar sua indignação e sua paixão em mandatos e são eles, os mandatos, que regulamentam e efetivam políticas e votam leis.

Movimentos sociais, ONGs e afins podem parecer atraentes, simpáticos e bonitos, mas enquanto forem apenas atraentes, simpáticos e bonitos e não transformarem estes atributos em votos e mandatos, seguirão sendo o que são – atraentes, simpáticos e bonitos.

A ministra Marina Silva dedicou a vida à sustentabilidade e à política e nunca conseguiu criar um partido ambientalista forte. Ou seja, nunca conseguiu sair do formato atraente, simpático e bonito. Já foi usada como cartão de visita de dois governos petistas, incluindo o atual, sem conseguir transformar as pautas que defende em algo efetivo. Enquanto isso, os seus adversários seguem distribuindo pancadas nela e distribuindo patadas nas pautas por ela defendidas.